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brasil do passado ao futuro

brasil do passado ao futuro

Pela primeira vez visitando o país, o presidente norte-americano Barack Obama afirmou em seu discurso, realizado no dia 20/03 no Rio de Janeiro, que o Brasil sempre foi o país do futuro, mas que agora, efetivamente o futuro havia chegado. Essas palavras refletem a euforia generalizada que toma conta da imprensa mundial, já há alguns anos, sempre que a palavraBrasil é pronunciada. Se realizarmos uma pesquisa, mesmo que singela, nos principais veículos de comunicação mundiais, desde o britânico The Economist ao francês Le Monde, encontraremos um otimismo que parece sem limites, fundamentalmente no que tange à economia desta nação.

Não há dúvidas de que o Brasil desponta como um mercado consumidor extremamente atraente, ainda mais depois do grande trunfo das políticas sociais do governo Lula, que trouxeram milhões de pessoas para a classe C. Além disso, a possibilidade do país se tornar um grande exportadorestável de petróleo – coisa rara entre os principais fornecedores atuais – livra os EUA da dependência venezuelana como principal fornecedor da região. Esses dois fatores, sem dúvida, justificam o olhar atento do mundo ao desenvolvimento do Brasil. Entretanto, será que toda essa conjuntura está sendo realmente experimentada pelos brasileiros? Será que a euforia internacional está contagiando o país da porta para dentro? Talvez esse seja um ponto de partida para uma discussão mais aprofundada.

Historicamente, o Brasil político sempre esteve distante do Brasil social. Na Proclamação da República, por exemplo, os transeuntes olharam bestializados para aquilo que creram ser uma parada militar. Segundo o historiador José Murilo de Carvalho, passado o entusiasmo inicial da proclamação, nem mesmo a elite conseguia, no campo das ideias, chegar a certo acordo quanto à definição de qual deveria ser o relacionamento do cidadão com o Estado. De lá para cá, se contarmos com a interrupção do desenvolvimento político do cidadão que tivemos com a ditadura militar, nunca houve um momento de maior aproximação do social com o político como nos anos de governo do PT. Essa foi sem dúvida a maior contribuição que Lula trouxe ao país. Esse esforço de integração do indivíduo ao reino da política vem se mostrando uma receita de sucesso sem igual no mundo todo. Nunca se fez algo parecido com o que está se fazendo.

Por outro lado, deixando os prós de lado, chegou a vez de falar dos desafios da atual conjuntura. O Brasil possui atualmente a maior taxa de juros do planeta. Nosso sistema de cobrança de impostos é confuso e profundamente desleal para nossas empresas – são aproximadamente 65 tributos diferentes – sendo que trabalhamos quase 1/3 do ano só para pagar os impostos, que são imensamente superiores ao que pagam mexicanos, chineses, russos e indianos – concorrentes diretos entre os emergentes. Nossa legislação trabalhista, baseada nos moldes da Itália fascista de Mussolini, onera os empregos em lugar dos produtos. Nosso país é somente o de número 73 no Índice de Desenvolvimento Humano – perdendo para o Irã, o Kwait, a Líbia e a Malásia. No que tange a nossa infraestrutura, encontramos estradas sem duplicação, aeroportos superlotados, cidades apinhadas – sem o adequado investimento em mobilidade urbana – hospitais sem recursos, policiais desarmados, exército precário, além de uma lentidão e burocratização absolutamente desnecessária na aplicação dos recursos. E isso é apenas a ponta do iceberg. Se não bastasse, somos apenas o país de número 59 entre os menos corruptos do mundo – o que nos coloca atrás de Chipre, Suriname e Lituânia. Tenho certeza que seriam necessários inúmeros outros artigos para conseguir expor o tamanho do problema que temos na mão. Somos um trem bala carregando inúmeros vagões extraviados – o que faz de nós lentos. Necessitamos de reformas: Política, Tributária, Jurídica. O desafio é extraordinário.

Ainda assim vemos que o povo brasileiro está acordando. Pela primeira vez a sociedade pode rivalizar com a política. Os frutos nesse sentido estão aparecendo. Estamos prontos para o futuro, e estamos dispostos a cobrar muito por ela, pois o que conquistamos é ainda muito pouco. Muito logo, em 2014 e 2016 iremos sitiar a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas. Mais uma vez proclamam investimentos nas cidades, na segurança pública, na infraestrutura – embora já estejamos atrasados. O povo brasileiro demanda que seja feito diferente: Queremos acreditar no progresso, na mudança. Queremos um Estado que nos permita crescer. E embora saibamos que as reais transformações não são feitas em curto prazo, estamos demasiado fartos de esperar. Dia após dia, convivemos com a violência, a corrupção, o descaso com a saúde e com a educação. A verdade é que o Brasil que a mídia internacional exalta, é sim o país do futuro – mas tenho certeza que o porvir ainda não se materializou. Vivemos na contradição da esperança, somos elogiados por uma coisa que ainda não somos. Mas sabemos que nossa identidade se funda na capacidade de vencer, mediante adversidades conhecidas apenas por nós mesmos. Nunca na história desse país o Estado correspondeu às expectativas do nosso povo. Para o mundo, queremos gritar bem alto: Somos mais do que uma seleção de futebol, mais do que samba, mais do que praias. Somos um povo guerreiro, uma nação criativa e empreendedora, que luta muito, mesmo que contra a maré. Chega de esperar, VIVA O BRASIL.